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Papo de coração furado
Coração de metal
segunda-feira, abril 25

      Dorothy caminhava pela neve e gostava de fingir que na verdade andava por entre as nuvens. Seus passos eram delicados, consistentes. Escondido pela sobreposição de roupas estava seu collant e em seus pés sua sapatilha vermelha. Seguia sempre em frente por um caminho de pedras que parecia não ter fim, porém não se importava: em algum lugar haveria de chegar. O sol brilhava tímido, as nuvens cor de algodão não o deixavam aparecer por total, enquanto Dorothy caminhava. Ploft! A menina tropeçou. "Maldita pedra", reclamou baixinho, chutando-a para longe instintivamente. Então, puft! As sapatilhas vermelhas de Dorothy brilharam e a pedra tomou forma de um coração cinzento metálico. A menina primeiro teve medo, depois se admirou. Apesar de tosco, o coração era dotado de uma beleza delicada. Quando Dorothy estendeu a mão para pegar aquele curioso objeto, sentiu um toque metálico e percebeu que agora havia uma outra pessoa ali, estendendo também sua mão para coletar o coração. Sua reação foi imediata ao toque dos dedos. Ela sentira uma espécie de choque com a aproximação. O que poderia ser aquilo? Levantou os olhos e sua respiração parou. O que estava parado a sua frente era diferente de tudo que já vira. Perguntou-se se era humano, mas logo se repreendeu por tal pensamento.
    "De-desculpe, senhorita. Mas. Acho. Que. Esse. Coração é meu". O estranho indivíduo falava pausadamente e com certa dificuldade. 
     Como um robô.
    Dorothy estendeu o coração metálico tosco a frente daquele estranho ser, estática. Seu cérebro parou de funcionar por um instante e tudo aquilo que parecia ser já não era mais. A lógica se perdera junto com a razão. A garota gostava de ler estórias e contos de fadas, mas quando havia olhos de lata mirando-a, ela não sabia o que pensar. 
   Um floco de neve deslizou na face de Dorothy enquanto incontáveis questionamentos passavam pela sua mente. Olhou para os seus sapatinhos vermelhos e eles continuavam brilhando estranhamente. Depois voltou-se para a figura metálica. Ele, por outro lado, não parecia desconfortável com a situação, apenas curioso. Brincava com os flocos de neve que agora caiam com mais frequência. Dorothy quis saber se ele era capaz de senti-los, mas optou por continuar em silêncio.
    "Que lugar estranho esse seu. Aqui as nuvens ficam no chão". Falou o homem metálico, olhando para o amontoado de neve em seus pés.
       Dorothy ia contar-lhe que aquilo na verdade não eram nuvens, mas até ela já estava começando a duvidar do que cada coisa realmente era. 
     O homem de lata deixou escapar uma exclamação, como se tivesse acabado de lembrar de algo importante. Abriu uma espécie de compartimento próximo ao seu peito esquerdo e Dorothy se surpreendeu ao ver que onde deveria haver um coração só havia um vazio. O coração metálico começou a brilhar quando o homem encaixou-o junto ao peito. Uma onda de energia perpassou por todo seu corpo. Dorothy levantou as sobrancelhas e levou as mãos à boca: os olhos de lata que a miraram antes adquiriam agora aspecto humanoide. Um par de lindos olhos cor de mel. O homem de lata já não era de lata. Ele podia sentir os flocos de neve.
      De súbito, o rapaz aproximou-se do rosto da menina. Suas respirações se encontravam somando numa só. Seu lábio suave tocou as bochechas de Dorothy, corando-as. Os sapatinhos vermelhos pararam de brilhar. O curioso sujeito se evaporou, seguindo a ventania fria. Os flocos de neve pararam de cair. E Dorothy chorou baixinho, com a memória do último suspiro do homem de lata: 
           "Obrigado."

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