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Papo de coração furado
Dias de poste
segunda-feira, janeiro 30



      É em dias raros de céu nublado como estes que eu mais me sinto dispersa no mundo. Tudo me parece mais distante, tudo me soa estranho, o paladar já não distingue os gostos tão bem como de costume. Por um momento sou apenas eu e o poste. Inertes, mas de algum modo funcionando. Estamos parados, eu não sinto como se respirasse, mas respiro, e o poste carrega tanta energia mesmo sem fazer esforço. O poste e eu. Imóveis. Não fosse o vento provocando meus cabelos e sussurrando que estou viva, o mundo inteiro me veria como o poste. Porque é como poste que eu me sinto. Estático por fora, dinâmico por dentro. Mas ninguém tem visão de raio x, ninguém é capaz de ver além da minha pele. Ninguém é tão insistente como o vento em se fazer parecer presente. E eu fico assim, sentindo uma vida que me volta mas que não parece me pertencer. O barulho constante das cigarras cutucam meus ouvidos e eu me incomodo e meu incômodo diz que estou aqui, sentada perto do poste, de algum modo viva. E o pássaro que sobrevoa o céu nublado passa a frente de uma nuvem com formato de ameba. E os carros vem e vão e todos parecem iguais. Eu pareço a mesma mas sou agora uma mistura de coisas diferentes, de ideias novas. Um pensamento diferente, um gosto diferente, uma outra visão. Não mais um poste. Agora eu me levanto do banquinho do parque e já não sou mais um poste, eu ando eu controlo minha respiração; eu corro, eu olho para o céu e vejo o pássaro se distanciando e vejo a nuvem tomando uma nova forma. Eu paro e volto a andar, dessa vez sentindo o vento seguir a meu favor, como se eu fizesse parte dele, parte do todo ao meu redor.