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Papo de coração furado
Saudade do que não vivi
quarta-feira, julho 11

     Às vezes eu penso que nasci no tempo errado. Penso que talvez fosse mais feliz com um lápis quebrado que com um botão deslocado de computador. Se eu morasse numa casinha com arquitetura antiga, traços meio barroco, uma salinha empoleirada com móveis provençais e um relógio cuco que me tiraria os nervos a cada metade de dia; talvez eu fosse mais contente. Se eu pudesse sair pro meu jardim modesto com minhas hortaliças devidamente cuidadas e sentasse na minha cadeira de balanço postada na varanda da casa próxima à porta de entrada, decorada por um tapete convidativo com os dizeres "Seja Bem-vindo" em letras garrafais e bonitas, talvez eu fosse menos triste. Talvez me sentisse menos vazia, menos nostálgica. Talvez minha vida ganharia mais cores e talvez quem sabe eu começaria a me impressionar mais com as coisas. Ali, sentada contra o vento, meus ouvidos notariam os sons que ele não consegue ouvir com o barulho dos carros, meu nariz sentiria o perfume das flores; os pêlos de meu corpo eriçariam com a brisa gelada e meu cérebro captaria aquele gesto como o gesto de alguém que vive, que respira, que suspira. Eu seria um ser vivente, não mais sobrevivente, nesse mundo de gente mecânica. Se eu tivesse nascido em outros tempos, naqueles tempos dos bons costumes, das saias macro, das poesias não-baratas, da música tocada na vitrola, dos rhythm and blues, do chorinho, da boneca de pano, das cartas trocadas e do jogo tímido dos amantes; talvez eu gostasse mais do mundo. Talvez eu não quisesse causar sérios danos aos sujeitos que passam por mim a cada instante ou talvez eu não desejasse que setenta por cento dos seres humanos simplesmente deixassem de existir. Não sei. Talvez eu tivesse mais fé em forças sobre-humanas, rezasse prum santo a cada virada de lua. Ou se eu somente tivesse fé. Talvez eu parasse de pensar tanto em talvezes e me concentrasse no que é certo. Talvez eu fosse mais feliz. Mas isso é só um talvez. E de talvez eu já tô cheia. Me deixem.