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Papo de coração furado
Durmo
domingo, agosto 12

     Os pássaros cantam e eu sei que estou vivo, mesmo que meus olhos digam o contrário, mesmo que eles não vejam nada, só o escuro. Deitado, com as cortinas do quarto prendendo a luz do sol, eu inexisto, eu finjo que não estou aqui mesmo sabendo que estou porque os fiapos do lençol se fazem sentir nas minhas costas nua. Imóvel, prendo a respiração, estufo meu peito, e por um momento eu me igualo aos móveis do quarto, à escrivaninha velha do canto da parede, à máquina dos tempos antigos, às fotografias que não deixam morrer aquilo que já morreu. Aperto meus pulmões, pressiono-os, não os deixo trabalhar e por um instante eu me torno nada, eu sou um nada, me sinto um nada. Então meu corpo grita, meu pulmão briga, minha respiração liberta-se de mim mesmo e estou vivo de novo. Num engasgo, o ar sai e entra, entra e sai, e meu coração bate forte, bate como forma de protesto, como que dizendo "você é algo". Um vento forte ameaça as janelas do meu quarto, estremece a madeira, eriça os pelos do meu corpo. Os pássaros, lá fora, cantam mais alto, aceitando o desafio do tempo. Aqui dentro, meu coração ainda bate, menos forte, mas intenso e eu lembro do movimento de seus cabelos cor de mel, da saia provocante, dos olhos negros como a noite sem estrelas, dos sussurros mal ditos, das histórias não ditas, do entendido, do subentendido; do que nunca se entendeu. "Te amo", eu dizia "Também o amo" dizia ela sem dizer. "Te adoro", dizia eu, sem sequer falar uma palavra, sem soar uma sentença. E ela compreendia, ela me conhecia melhor do que eu. Saiamos dos lençóis, depois do amor feito; ela me olhava e eu sabia que tinha feito do jeito certo, do jeito dela, do nosso jeito. Meu dedo indicador seguia do meu peito esquerdo ao peito esquerdo dela; ela sabia assim que eu a amava, que meu coração era dela e o dela era meu. A gente era tudo e nada. Eu era nada sozinho, ela era tudo comigo. Nós eramos algo. Agora eu durmo, mesmo sem dormir. Durmo com os olhos abertos, com os olhos fechados. Durmo pra fingir que tudo é um sonho; durmo para fingir que  um dia posso acordar.