Vovó e o tempo
segunda-feira, janeiro 27
Velhinha, de cabelos brancos,
vista pouca, coração brando.
Fala dos tempos antigos,
dos namoros, da inocência perdida,
a confusão dos dedos num abraço de mãos.
Os olhos fixos, sem ver de certo nada,
dispersa nas lembranças de um passado quase esquecido.
Aperta o peito,
alegria, tristeza; a nostalgia de algo que já não o é.
Algo que deixou de ser há muito,
mas que se agarra aos fios da memória,
tênue, frágil...
Velhinha, de cabelos brancos,
escuta pouco, o ar lhe escapa ao falar.
Com a sabedoria do tempo
detalha as explicações sobre as fases da lua.
Sabe as horas melhor que o relógio,
"- Já bate as três?"
Velhinha, de cabelos brancos,
sonha porque é o pouco que lhe resta.
Os pés lhe pesam ao andar.
Caminha na estrada rasa da memória,
vai devagar.
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